13/06/2012

Especialista vê problema maior na área rural.


Para pesquisador, fator ajuda explicar maior incidência em cidades menores De acordo com o pesquisador Rodrigo Coelho, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (NEPP) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o grande volume de trabalho infantil está concentrado na área rural. “Não é a toa que Monte Mor e Holambra concentram esse aumento no número de casos. Geralmente, o trabalho infantil está ligado à agricultura, com os pais na maioria das vezes seguindo aquela velha cultura de ensinar a criança a trabalhar desde cedo.”
O pesquisador reforçou que muitas famílias não enxergam o trabalho infantil como algo negativo para a criança ou o adolescente, o que dificulta romper com essa realidade.
De acordo com ele, essa cultura está baseada num contexto em que não havia escola para todos e a criança precisava parar de estudar após a 5ª série ou quando era alfabetizava. “Nesse contexto, a criança era encaminhada naturalmente para o mercado de trabalho, como uma alternativa à vadiagem ou à bandidagem.
Mas, atualmente, interromper o estudo significa muito mais dificuldade para ingressar no mercado de trabalho e a gente não pode mais compactuar com a visão antiga de que é de pequeno que vai formar o caráter. Manter essa visão hoje significa privar a criança da escolarização e de oportunidades futuras.”
Coelho alertou que normalmente os casos de trabalho infantil não aparecem espontaneamente, porque muitas vezes é feito dentro da própria família e correspondem a uma ajuda ao negócio ou à renda familiar. E a criança não vai denunciar a própria família.
“Se o município for esperar pelas denúncias elas não irão aparecer, assim como acontece como o abuso sexual”, ressaltou.
Segundo ele, para que esses números sejam identificados, é preciso um trabalho de conscientização de escolas, postos de saúde e centros de assistência. Abel Cabral, do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Campinas, ressaltou a importância de diferenciar o trabalho infantil forçado e o supervisionado, registrado no conselho da criança e do adolescente.
“Esse último não é considerado trabalho, mas uma forma de inclusão social porque não sobrecarrega a criança e exige desempenho escolar satisfatório, garantindo com a experiência do trabalho e o bom desempenho escolar melhores oportunidades.” (IM/AAN)
Fonte: reportagem publicada no jornal Correio Popular de 13/06/2012.

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