13/06/2012

RMC tem 40 mil casos de trabalho infantil.


Número de registros aumentou em oito cidades da região

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou 40.365 casos de trabalho infantil em 2010, segundo dados do Censo 2010 divulgados ontem, no Dia de Combate ao Trabalho Infantil, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só na cidade de Campinas, foram mais de 13 mil casos de crianças e adolescentes, com idades entre 10 e 17 anos, ocupadas.
Os dados compararam os anos de 2000 e 2010. O levantamento ainda apontou que oito cidades da RMC registraram aumento do trabalho infantil.
Monte Mor teve o pior desempenho na evolução dos registros, com aumento de 44% no período. Entre 2000 e 2010, Monte Mor passou de 556 para 804 registros de trabalho infantil.
O aumento no número de casos foi seguido pelas cidades de Hortolândia (29,64%) e Holambra (26,44%). Entre as onze cidades que apresentaram redução de trabalho infantil, estão Vinhedo, com queda de 25,31%, e Paulínia, com queda de 24,1%. Campinas registrou uma leve redução, de 3,48%, e concentra o maior volume de trabalho infantil da RMC: foram 13.911 casos em 2000 e 13.427 em 2010, segundo o Censo 2010 do IBGE.

Espanto
O prefeito de Monte Mor, Rodrigo Maia (PSDB), afirmou que desconhecia os números e que ficou espantado. “Estou perplexo com esses números porque não temos nenhum registro de trabalho infantil na região e quando um ou outro aparece nós apuramos e oferecemos assistência à criança e à família para combater o trabalho infantil, mas diante desses números nós vamos acionar as secretarias de Educação e de Inclusão Social para fazer um mapeamento de onde estão e por que acontece e, assim, tomar as medidas cabíveis que competem ao Município e, se for necessário, acionar os governos estadual e municipal”, disse.
De acordo com o secretário de Inclusão e Desenvolvimento Social de Hortolândia, Fernando Gomes de Moraes, os dados não conferem com a realidade da cidade. Segundo ele, o município não tem notificação de casos de trabalho infantil registrados pelos órgãos fiscalizadores municipais (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, Conselho Tutelar e Vara da Infância e Juventude), estadual (Diretoria Regional de Assistência e Desenvolvimento Social) e federal (Ministério do Desenvolvimento Social).
A Prefeitura de Holambra informou que o fato é novo e que pretende identificar quais são as crianças que estão nessa situação de vulnerabilidade, já que a cidade não possui favelas, nem moradores de rua. Informou que possivelmente essas crianças estão nos sítios e trabalham com a família nas lavouras, que é uma das principais atividades econômicas da região. 
De acordo com a Prefeitura de Holambra, identificando os casos, pretende auxiliar as famílias
a retirar as crianças da situação de trabalho.
Segundo a Secretaria de Cidadania, Assistência e Inclusão Social de Campinas, a mendicância, a reciclagem de lixo, a venda de balas e outros produtos em semáforos e a panfletagem são os principais tipos de trabalho infantil praticado na cidade, sendo que o último apresentou significativo aumento nos últimos meses. O trabalho doméstico também ocorre com frequência.
A secretaria informou que para combater o trabalho infantil mantém o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), que atendeu 302 famílias e 411 crianças em maio deste ano. As famílias são encaminhadas para o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para que essas crianças e adolescentes participem, no contraturno escolar, de atividades culturais, educativas e esportivas e as famílias possam, então, receber um aporte de R$180,00, como complementação do Bolsa Família.
Fonte: reportagem de Inaê Miranda publicada no jornal Correio Popular de 13/06/2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário